“Todos os dias da semana eu sento e espero que alguma coisa mude. Talvez o problema seja exatamente esse. Eu não me levanto, não costumo tentar algo diferente com muita frequência e nem sequer tenho unhas. Devo ser mesmo uma das pessoas mais covardes do mundo, se é que me entende. Às vezes eu até consigo fechar os olhos e sonhar com algodões doces, pessoas sorrindo, corações leves e pés balançando pelo vento. Anjos com asas, um abraço seu que não tive a oportunidade de experimentar, mais sorrisos e mais pessoas se balançando. Mas esse é o problema, exatamente esse. Porque eu não me levanto e toda vez que eu tento alcançar alguma coisa, acabo caindo. E penso que essa será uma espécie de frustração eterna, entende? Eu procurei em muitos lugares encontrar alguém que me entendesse. Alguém que quisesse ficar do meu lado sem perguntar por um por quê. Alguém que apenas aceitasse ficar, sabe? Nem precisava dizer nada, só estar lá. Mas eu não encontrei muitos, talvez uns dois no máximo. Ainda assim, não me entendem por completo. E eu me sinto tão sozinha todos os dias. Eu sei, sou mesmo super egoísta por tentar voar desse jeito mesmo, sem me agarrar a um alguém específico, porque ninguém parece ser tão estranho quanto eu. Mas vou continuar tentando. Tentando. O problema é justamente esse.”