sexta-feira, 30 de março de 2012


“Tinha tanto medo de tudo e a insegurança era tanta. Mas se apoiava nos outros. Gostava de sorrisos. Grandes, pequenos, médios, estranhos, firmes, sensatos, sérios - porque quando a gente ri com a boca mas não com a alma o sorriso fica sério - e largos, e alinhados e tortos. Amava sorrisos, de todos os tipos. Tinha as pernas grandes demais, os olhos meio brilhantes e estranhos, os dedos muito grandes, um jeito tão desajeitado que ela nem sabia por que é que se chamava jeito. Tinha medo de se aproximar dos outros mas só se aproximava quando se importava, porque quando não se importava não precisava se esforçar. Confiava e sorria e vivia e sentia e sentia tanto e com tanta profundidade que assustava aos seus próximos. Antes de tudo, escrevia. Escrevia porque viver estava um pouco na escrita, escrevia porque sem escrever a vida não fazia sem sentido, a vida não existia. Escrevia porque precisava, escrevia porque… escrevia por escrever e de repente lhe fugiam as explicações, porque quando escrevia não precisava de seriedade, não queria nada, não ansiava por nada, apenas queria jogar suas dores no papel e então sorrir. Necessidade, era isso. E então a menina estranha e desajeitada e torta sorria, e, porra, se sentia bem de repente, de um jeito estranho e forte demais. A menina das palavras confusas nem lia mais o que escrevia, nem queria revisar, só queria jogar os desejos em um pedaço de papel. Era ela, a menina. Que não tinha o menor sentido. Mas que gostava de sorrisos. E de sorrir.”

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