quarta-feira, 26 de setembro de 2012

Quando alguém se torna único.


“O fato é que eu sempre precisei de você, bem mais que você de mim. Foi você quem teve o peito estufado o bastante pra me moldar em uma armadura forte e resistente de enfrentar a vida. Você me ajudou na fase que mais precisei, quando o céu desabava sobre a minha cabeça e o chão afundava os meus pés, me ouviu e me entendeu. Foi você quem abdicou de qualquer crença pra acreditar na minha palavra. Você foi o único capaz de me dar o maior esporro do mundo, sem passar a mão na minha cabeça ou relevar os fatos, pois sabia que era disso que eu precisava: um esporro construtivo de alguém que me conhece como a palma da mão. Foi você quem estava lá pra me abraçar e fazer com que a minha respiração descontrolada voltasse ao normal, quando eu aparecia com o rosto revirado em lagrimas e você nem sabia o porquê. Eu nunca precisei abrir a boca pra tentar te explicar algo: só em olhar nos meus olhos você sabia, decifrava, conhecia. Naquele dia, quando eu fiz uma das maiores burradas da minha vida e foi o seu número que disquei pra desabafar, ao invés de me julgar, você também me contou uma das maiores burradas da sua vida e disse, sem rodeios: “agora estamos kits, no mesmo barco, um pelo outro e só.” Eu vi ali alguém suficiente pra mim. Alguém que poderia - e pode - suprir todos os outros que ainda passarão pela minha vida. Naquele instante, eu te olhei e vi a única pessoa no mundo que valia - e ainda vale - a pena dar o braço, a pena, o pescoço, o tronco, o pé e a mão. Talvez eu tenha sido a única capaz de enxergar em você a proteção, o cuidado, o zelo e a necessidade imensurável de te ter ao lado, colado, junto. No começo, entre a dúvida de confiar ou desconfiar em um sentimento, você me viu exposta e não se assustou com o tamanho do meu coração. Não correu, não gritou, não desviou, não mudou de lugar, não desistiu, não entregou os pontos, não sacudiu a toalha, não quis ir. Você ficou. O primeiro dentre todos que, de fato, ficou. E eu sabia que, por maior que fosse a dor de me sentir vulnerável, você estava ali pra curar as possíveis feridas que eu pudesse ter. E tive, tive muitas. Eu não dizia, mas sei que você sabia. Várias zoações e desabafos nós metralhamos sem sequer citar uma letra. Era bom, éramos bons, tudo era bom quando se tratava da gente. Ter alguém pra ligar e dizer “Olha, eu realmente não estou bem, podemos conversar?” e, além disso, receber como resposta “Onde você está? Estou largando tudo pra ir te ver, agora.” nunca foi tão confortante pra mim. Saber que no meio de toda essa podridão de gente tem você, tão simples, capaz de me enxergar além de, apesar de e através de, é gratificante. É como um ar carregado de aroma de flores soprando o meu coração. A nossa narrativa de vida é complexa, entrelaçada por vários enredos, protagonizada de diferentes formas e contada de um jeito que só a gente sabe contar. E não há nó que destrua o nosso laço.”

— Capitule

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