quarta-feira, 23 de janeiro de 2013


“O planeta se acabando e a gente procurando vaga na universidade. O que está acontecendo com a nossa sensibilidade? O caos brotou que nem percebemos. Você vive a sua vida como se não fosse morrer amanhã. E eu escrevo como se não fosse morrer amanhã. As pessoas não lerão meus gritos espaçados nas linhas e o terror explode em nós. São ciscos, abismos, ou qualquer coisa que ainda não consegui nomear. Eu só tenho 17 anos mãe, só 17 INÚTEIS ANOS e tudo que fiz foi deixar para depois. A cama que eu não arrumava, o banho que eu esquecia de tomar, as surras adiadas… tudo foi ficando para depois como se a vida perdoasse os atrasos. Quando já se vê acabou a vida, quando se vê estamos caindo e quebrando o rosto. Eu só tenho poucos meses para aproveitar isso que chamei de mundo e ninguém percebeu. Caminho pelas beiradas e vou, vou, vou até não ter mais para onde ir e tudo acabar. Tudo sempre acaba pra mim: os relacionamentos, as amizades, os não-amores que invento para mim para me distrair. O soco vem, a pancada atordoa, as visões cegam-se, cerram-se, findam-se e nada se sabe sobre. Ninguém sabe de mim e nem o espaço preenche-me, o que é uma ironia porque o espaço preenche tudo, mas não é nada. O cosmos nunca mais falou comigo e hoje dialogo com fantasmas que chamo de meus. Eu não tenho alguém pra chamar de “meu’. Não tenho um amigo, não tenho um colo, não tenho um ombro. A gente não pode, nunca, em hipótese alguma, chamar de nosso aquilo que é dos outros também. Entende? É a mesma coisa de você dizer “meu amor” e ter vários amores. Estas coisas nem me cabem e eu estou preocupado com quantos lerão e me investigarão e me falarão “eu te entendia”. Entender é sempre um acidente constante. Quando se vê já se foi, já passou, já deixou de existir.”

— Igor Pires.

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